sexta-feira, 16 de abril de 2010

Quem é Hator?


O nome da deusa é composto por duas palavras, Hut-Hor, e traduz-se por ”o templo de Hórus”. Hator é o espaço sagrado, a matriz celeste que contém Hórus, o protector da instituição faraónica. Hator é o céu e é também aquela que espalha pelas superfícies celestes a esmeralda, a malaquite e a turquesa para com elas fazer estrelas. É muitas vezes chamada ”a dourada”, porque é o ouro das divindades, a matéria alquímica que forma o seu corpo.
    "Única e sem paralelo no céu", Hator encarnava numa vaca imensa, da dimensão do cosmos, que oferecia generosamente o seu leite para que as estrelas vivessem.
 
A deusa goza de grande popularidade em todo o Egipto; a sua residência preferida era no Alto Egipto, em Dendera, onde sobrevive um templo ptolomaico de grande beleza e encanto. Contemplar os campos do telhado deste santuário ao sol poente, quando a paisagem se nimba de ouro celeste, é um momento inesquecível.
         Mãe das mães, Hator gerava o Sol e derramava nos corações a alegria de viver. Era ela quem concedia a beleza, a juventude e o fogo do amor sob todas as suas formas, do
desejo físico ao amor do divino. Favorecia os casamentos e tornava-os harmoniosos, quando o homem e a mulher escutavam a sua voz.
Hator ensina aos seus adeptos a dança e o sentido da festa; protectora dos vinhos, chama os seus fiéis à mesa do banquete divino. Um sacerdote de Hator que oficiava no templo de Deir el-Bahari mandou gravar na sua estátua textos que recomendavam às mulheres, ricas ou pobres, que dirigissem as suas preces a Hator; a deusa ouviria as suas invocações e proporcionar-lhes-ia os momentos de felicidade a que aspiravam. Por isso, as egípcias optavam por nomes que fizessem referência a Hator: "estrela dos homens", "a deusa de ouro veio", "ela veio", "a perfeição acabada", "aquela que apareceu no céu", etc.
       Na sua qualidade de protectora e ama da alma dos justos, Hator reside muitas vezes num sicômoro; com a madeira desta árvore   fabricavam-se sarcófagos, cujo nome egípcio é "aqueles que possuem a vida". Esta deusa luminosa era uma mãe não apenas para os vivos
mas também para os ressuscitados. No amor de Hator revela-se o mistério da morte e do renascimento.
      "Soberana do Belo Ocidente", Hator acolhe todos aqueles que empreendem a grande viagem para o outro mundo. Sorridente, enigmática, está na orla do deserto e tem na mão o sinal hieroglífico da vicia e a haste de papiro que simboliza o eterno crescimento da alma dos justos.
       

Para vencer as provas do Além, o homem deve tornar-se em Osíris; o mesmo acontece com a mulher, que tem a vantagem de ser ao mesmo tempo Osíris e Hator. Alimentada pelo leite da vaca celeste, a ressuscitada percorre para sempre o caminho das estrelas, dança com elas, ouve a música celeste e saboreia a subtil essência de todas as coisas.


  

        






                                                                            EXTRAIDO DO LIVRO: "AS EGIPCIAS" DE CHRISTIAN JACQ

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