terça-feira, 8 de novembro de 2011

O Templo que voou como um pássaro



Ramsés não conseguia fechar os olhos. Os golpes das picaretas quebrando a rocha resoavam em sua cabeça.

 - "Ouves?" , pergunta ele à esposa Nefertari, que também estava desperta e igualmente inqueta.
 - "Aonde iremos? Será possivel que nos tirem de nosso lugar depois de tantos séculos?"
(Tawfik El-Hakim, Romancista Egípcio)

O APELO A HUMANIDADE

O diálogo entre Ramsés II e sua esposa "ocorreu" em 1964 em frente do Grande Templo de Abu Simbel, às margens do Médio Nilo...pouco antes de serem fechadas as comportas da Grande Represa do Assuã. Essa represa iria formar um imenso lago de 500 km de comprimento, dando uma larga faixa ao longo do rio e com uma parte inestimável do patrimônio cultural da Núbia (entre o Egito e Sudão). Os governos dos dois paises e a UNESCO (um orgão da ONU) fizeram, então, um apelo a todosos paises para salvar os sítios arqueólogicos e monumentos da Núbia.

 A VITÓRIA DA HUMANIDADE

Dezessete nações uniram-se ao Egito e Sudão. Foram: Polônia, Itália, Tchecoslovaquia, Estados Unidos, União Sovietica, Austria, Alemanha Ocidental, Ìndia, Espanha, Grã-Bretanha, Holanda, Gana, Finlândia e Argentina. Cada país se responsábilizou por um trecho promovendo pesquisas, escavações, desmontagem, transladação e reconstrução dos monumentos em local mais alto...
Outros paises ajudaram com financiamentos. Assim foi possivel fazer um grande número de descobertas e salvar muitas obras de valor inéstimavel como os Templos de Ramsés II em Abu Simbel. Foram abertos também, diversos Museus no Egito e no Sudão para receber a grande quantidade de material histórico descoberto.

UM EXEMPLO: O SALVAMENTO DE ABU SIMBEL

Os dois Templos de Abu Simbel foram escavados na rocha por Ramsés II que reinou entre 1290 a 1224 a. C. Estudados vários projetos, o governo Egípcio optou pelo translado dos   Templos para um local próximo 60 metros mais alto, depois de tê-los cortado em blocos. Custo dos trabalhos: 42 milhões de  dólares. Os dois monumentos foram cortados em 1036 blocos, pesando cada um entre 7 e 30 toneladas. E foram remontados no novo local. iniciada em 1964, a realização da obra - considerada "uma das maiores façanhas tecnicas de todos os tempos - foi concluida em 1968.  



 - "É estranho" -  dizia Ramsés, contemplando o Nilo.
 - "O rio jamais me pareceu tão baixo , nem nosso Templo tão alto!"
Nefertari ria:
 - "Queres acaso dizer que o Templo voou como um passáro até o topo da montanha?"
 - "O Templo já não está em seu lugar... Mas ainda não sei como isso aconteceu" - Prosseguia Ramsés.
 - "Por que dizes isso? Olha em volta, nada mudou!" - retorquia Nefertari

Ramsés olhava em torno. Via um camponês seminu, ligando o chaduf para irrigar seu campo, outro camponês trabalhava com um arado puxado por duas vacas. Via os mesmos asnos carregando os mesmos sacos com folhas de palmeira. Tudo estava igual... só seu Templo mudara. E ele não sabia como isso acontecera. 


500 Anos de Trevas

                             

A história tradicional conta que, entre 1200 a.e.c. e 700 a.e.c., a Grécia passou por uma Idade das Trevas. Logo após a famosa Guerra de Tróia, aquela exuberante civilização regrediu à barbárie. O povo abandonou as cidades e partiu para o campo. A arte da escrita se perdeu. Nenhum registro foi preservado. Durante um bom tempo, isso foi consenso entre os estudiosos.

Mas, nas últimas décadas, alguns arqueólogos tentam provar que tal época teria durado bem menos que 500 anos - ou talvez nem tenha existido. São os chamados revisionistas, que defndem a tese de que tudo foi causado por uma confusão feita no século 19. Até aquela época, ninguém tinha falado em Idade das Trevas. O termo foi adicionado à história grega por egiptólogos Ingleses.

Assim que Champollion começou a decifrar a escrita egípcia, na década de 1820, foi dada a largada para uma corrida maluca: todo arqueólogo queria ser o descobridor de um novo faraó. Como guia para a tarefa, escolheram a lsita do escriba Maneton, uma relação de 30 dinastias de rei egípcios escrita no século 3 a.e.c.. por encomenda do farató Ptolomeu II (de origem grega), com o objetivo de estabelcer uma correlação entre as culturas egípcia e grega. A lista tinha uma temporal aparentemente completa do Egito. Já para os gregos, o período conhecido pelos estudiosos era bem menor. Esta seria a chave do problema: como a cronologia egípcia foi oficializada para reger a história antiga, o tempo dos gregos teve que ser "esticado" para ficar do mesmo tamanho. Como resultado, inventaram a Idade das Trevas.

Há evidências que parecem sustentar a teoria dos revisionistas. Ao fim da tal Idade das Trevas, Homero escreveu os versos que narram os eventos da Guerra de Tróia. Mas como ele teria conseguido descrevr com detalhes os costumes e armas daquela época 500 anos depois do combate? Se durante esse intervalo não havia escrita, textos de outros autores também não poderiam ter servido como referência. E po que Homero não compôs nenhum verso sobre os 500 anos posteriores à Guerra de Tróia?

Para piorar, a lista de Maneton parece tr alguns furos. A relação pode tr sido aumentada de propósito, para valorizar a tradição egípcia e monosprezar a grega. O recurso usado teria sido a duplicação: faraós apareciam na cronologia mais de uma vez, mas com nomes diferentes.