sábado, 28 de julho de 2012

Os Últimos Dias do Ano





Tinha começado o período por todos receado: o dos cinco últimos dias do ano, não incluídos no calendário harmonioso que compreendia de doze meses de trinta dias. Aqueles cinco dias fora do ciclo regular constituíam o domínio de Sekhmet, a aterradora Deusa com cabeça de leão que, rebelando-se contra a luz, teria massacrado a humanidade se os Deuses não intervissem uma ultima vez em seu favor, fazendo crer a fera divina que estava bebendo sangue humano quando na realidade, estava absorvendo uma cerveja vermelha a base de joio.

Todos os anos, no mesmo período, Sekhmet ordenava as suas hordas de doenças e miasmas que se espalhassem pelo país e encarniçava-se em libertar a terra da presença de seres humanos maus, covardes e conspiradores. Nos templo, as pessoas cantavam dia e noite litanias destinadas a acalmar Sekhmet, e o Faraó em pessoa diria uma liturgia secreta que permitia uma vez mais, se o rei fosse justo, transformar a morte em vida

Durante esses temíveis cinco dias, a atividade econômica era quase interrompida; adiavam-se projetos e viagens, os barcos ficavam no cais; muitos campos permaneciam vazios. Alguns retardatários apressavam-se em reforçar os diques que exigiam os últimos reforços, receando o aparecimento dos ventos violentos, testemunho do furor da leoa vingativa. Sem a intervenção do Faraó, oque restaria do país, devastado por um desencadear de potencias destrutivas?       


Extraído do livro "Ramsés: o Filho da Luz"
de Christian Jacq